Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Histórico

HISTÓRIA DA CIRURGIA PLÁSTICA NO NORDESTE DO BRASIL

A História da Cirurgia Plástica no Nordeste começa em Pernambuco e daí se irradia para a região.

O ano de 195O é marco decisivo e divisório. Naquele ano, em agosto, J. Rebello Neto, cirurgião plástico de São Paulo (à época o maior nome da especialidade no Brasil), a convite de João Suassuna Filho e Frederico Carvalheira, ministra na Sociedade de Medicina de Pernambuco, presidida por Bruno Maia, o primeiro curso de cirurgia plástica no Recife e determina, assim, o início de uma fase de definição e prestígio. O evento constituiu-se um sucesso, sendo assistido por inúmeros cirurgiões, inclusive pelo autor, então assistente do professor Romero Marques, na Faculdade de Medicina, lutando por uma bolsa de estudos em Paris para fazer Cirurgia Plástica.

Inauguração da seção pernambucana da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
Recife - 21 de Novembro de 1950

Até então, tudo que se fazia da especialidade estava atrelado à cirurgia geral e à cirurgia infantil, ou à otorrinolaringologia. Assim é que o professor Barros Lima fazia enxertos na sua clínica de ortopedia e cirurgia geral; João Suassuna Filho, otorrinolaringologista, operava narizes e fissuras da boca; Caldas Bivar, cancerologista, fazia retalhos e enxertos, após ressecção de tumores cutâneos no Hospital Centenário; Frederico Carvalheira e Gilson Machado, na Enfermaria do Hospital Infantil, tratavam queimados e faziam reconstruções em defeitos congênitos.

Ao prof. Eduardo Wanderley, catedrático em Técnica Operatória, deve ser creditada a visita, ao Recife, de Caldas Corteze, cirurgião plástico paulista, que realizou algumas operações na sua cadeira, em torno de 1949. Também sabe-se que outros cirurgiões, como Rui Baptista, Jair Afonso e Joaquim Cavalcanti, entre muitos, operaram alguns pacientes da especialidade. De todos os citados, entre os que mais a ela dedicavam, destacam-se João Suassuna Filho e Frederico Carvalheira, sobretudo o primeiro que, ainda hoje, divide com a otorrinolaringologia todo o seu labor profissional. Foram exatamente esses dois os que promoveram a vinda de Rebelo Neto, que não só proferiu aulas teóricas, como fez várias demonstrações cirúrgicas no Hospital Infantil Manoel de Almeida. Antes desses, porém, destaca-se, pelo pioneirismo, João Alfredo da Costa Lima, cirurgião geral que se tornou, depois, o segundo Reitor da Universidade Federal de Pernambuco, sucedendo a Joaquim Amazonas.

Foi João Alfredo, ao que tudo indica, quem realizou as primeiras operações estéticas na região, tendo, inclusive, comparecido, como representante do Brasil, ao 1º Congresso Internacional de Cirurgia Plástica Reconstrutora e Estética, realizado em Paris, no ano de 1930 sob os auspícios da "Sociedade Francesa de Cirurgia Plástica, Reconstrutora e Estética".

Conta João Suassuna que viu fotos de rinoplastia estéticas feitas por João Alfredo, em 1927. A ele deve ser creditado, com justiça, o título de pioneiro da especialidade na região. Professor de Anatomia Artística na "Escola de Belas Artes", da Universidade Federal de Pernambuco, defendeu tese sobre "Anatomia e Fisiologia Artísticas".

João Alfredo, porém, como tantos outros, não se dedicou à cirurgia plástica, mas experimentou outras especialidades, como a cirurgia torácica, da qual também foi pioneiro. Foi à proctologia que dedicou maior atenção.

O curso de Rebelo Neto produziu impacto na Medicina da época e fez com que Perseu Lemos , desistindo do projeto parisiense, seguisse para São Paulo, onde iniciou a sua carreira na cirurgia plástica, estagiando por 6 meses com Rebelo Neto, no Serviço de Cirurgia Plástica da Santa Casa de São Paulo. Identificando-se bem com o mestre, acompanhava-o, também, na clínica particular, tendo estabelecido uma longa e sólida amizade, que só terminou com a morte de Rebelo Neto aos 84 anos.

No ano de 1951, ocorreu outro importante fato: Alípio Pernet, cirurgião plástico da Aeronáutica, da escola de Rebelo Neto, servindo no Recife, criou o Departamento de Pernambuco da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Compunham-no os cirurgiões locais citados e mais alguns outros, menos Perseu Lemos que, à altura, estudava em São Paulo, tendo nele ingressado logo após a sua chegada.

A atividade de João Suassuna e de Perseu Lemos estimula outros cirurgiões a se dedicarem à cirurgia plástica. Assim é que, na década de 60, Geraldo Torreão e Arlindo Aguiar fazem especialização com Victor Spina em São Paulo; Ernesto Oliveira, no "Hospital A. C. Camargo"; Álvaro Costa Júnior, no Instituto Nacional do Câncer e com David Serson Neto, em São Paulo; Marcelo Miranda, com Paulo Correia no "Hospital dos Defeitos da Face" em São Paulo e, posteriormente, em Oxford; Luciano Alves, com Perseu Lemos e Ivo Pitanguy; Antônio Augusto Pimentel, com Perseu Lemos e Roberto Millan; Gildo Marçal, José de Castro Paes Barreto (falecido em 1987) e Frederico Henrique (pioneiro da lipoaspiração no Brasil) com Perseu Lemos ; José Costa Lima de Maceió, com Perseu Lemos e Ivo Pitanguy; Assunção de Macedo (RGN) com Perseu Lemos , Spina e Pitanguy. Na Paraíba, Herul Sá, professor de cirurgia geral, executava, também, operações plásticas. Em 1965, após a criação da "Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica", cria-se o Departamento de Pernambucano da "Sociedade de Cirurgia Plástica e Reconstrutora do Brasil" (presidida por Ivo Pitanguy), e Perseu Lemos foi o seu primeiro presidente.

1968 marca a realização do "V Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica", no Recife, na sede da Sociedade de Medicina. Era presidente nacional Nelson Pigossi e da Regional de Pernambuco, João Suassuna Filho. O congresso, que foi um sucesso, reuniu mais de 60 participantes. Caracterizou-se, particularmente, pela reaproximação e reingresso de Ivo Pitanguy na S.B.C.P., graças a um trabalho diplomático realizado, entre outros, por Cláudio Rebelo, Merle Kepke, Psillakis e Perseu Lemos . Nesse congresso, Perseu Lemos apresenta, pela primeira vez no Brasil, casos de "impotência coeundi", tratados com implantes de silicone, baseado na técnica do egípcio Beheris.

Na década de 70, Geraldo Torrão, Ernesto de Oliveira, Arlindo Aguiar, Marcelo Miranda e Álvaro Costa Júnior fundam a Clínica de Cirurgia Plástica do Recife", até hoje em funcionamento.

Em 1971 Perseu Lemos defende, pela primeira vez, uma Tese de Cirurgia Plástica em Pernambuco, no concurso público para professor assistente da UFPE. Tema: "Enxertos de pele".

Também nessa década, Perseu Lemos vai ao Vietnã (1971) servir na "Barky Unit" do "Children's Medical Relief International" em Saigon e torna-se o primeiro cirurgião plástico brasileiro a trabalhar com feridos na guerra ali travada. Frederico Henrique introduz a lipoaspiração no Brasil, com a técnica de Fischer.

Na Universidade Federal de Pernambuco, também nessa década, cria-se a Área de Ensino de Cirurgia Plástica", sendo seu coordenador, até hoje, o professor-adjunto Perseu Lemos e seus auxiliares, os drs. Luciano Alves e Eduardo Carvalho (formação com Ivo Pitanguy). Funcionando no Hospital de Santo Amaro, teve o seu serviço credenciado pela S.B.C.P. em 1979. Atualmente a Área de Ensino tenta transformar-se em discip1ina e tem sede no "Hospital das Clínicas", na Cidade Universitária.

Em 1980, realiza-se, em Fortaleza-Ceará, o "XVII Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica", tendo como presidente de honra o dr. Raul Sucena, presidente do Congresso, o dr. Wladimir Távora e presidente da S.B.C.P. o dr. Evaldo Bolivar de Souza Pinto.

Em 1982, realiza-se, no Recife, o "XIX Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica", sendo seu presidente de honra o professor Victor Spina; presidente do Congresso, Geraldo Torreão de Sá e presidente da S.B.C.P., dr. Cláudio Rebelo.

Em 1983, realizou-se, no Recife, a 1ª Jornada Norte-Nordeste de Cirurgia Plástica, sob a presidência de Geraldo Torreão; em 1986, é a vez de Maceió sediar a II Jornada Norte-Nordeste, sob a presidência de José Costa Lima. Em 1987, em maio, o evento ocorreu novamente no Recife, sendo presidente o dr. Álvaro Costa Júnior e presidente nacional, o dr. Juarez Morais Avelar.

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